O agronegócio brasileiro é uma potência mundial. De acordo com a pesquisa Projeções do Agronegócio, desenvolvida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o setor deve crescer mais de 20% até 2030. Fundamental para a economia do país, o segmento é referência em diversos aspectos, especialmente em suas estratégias, que desempenham papel crucial para impulsionar o próprio desenvolvimento do setor.
Nesse sentido, para nortear seu crescimento sustentável, o agronegócio tem sido um expoente na agenda ESG (Environmental, Social, and Governance, ou Ambiental, Social e Governança, na tradução para o português). Segundo estudo feito pela HR Tech Mereo, empresa focada em desenvolver soluções para gestão de performance de pessoas e organizações, 100% das empresas do agro possuem métricas ESG, reforçando o compromisso da área com os pilares da agenda.
Para obter uma compreensão mais aprofundada sobre o conceito da ESG no agronegócio e a relevância de suas práticas, continue a leitura!
Como surgiu o termo ESG
O acrônimo foi criado em 2004, em um relatório desenvolvido através do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), iniciativa idealizada por Kofi Annan, ex-secretário geral da organização. O objetivo era engajar empresas e organizações do mundo todo na adoção de princípios voltados aos direitos humanos, ao trabalho, ao meio ambiente e à anticorrupção.
O documento em questão, elaborado em parceria com o Banco Mundial, recebeu o nome de “Who Cares Wins” (“Vence Quem se Preocupa”, na tradução para o português) e elenca uma série de práticas voltadas aos setores ambiental, social e de governança dentro das instituições.
A adoção da agenda ESG é tão significativa que as condutas envolvidas no conceito já alcançaram US$ 30 trilhões em investimentos no mundo todo, de acordo com dados da consultoria norte-americana McKinsey. Para o agronegócio brasileiro, essa ideia ganha ainda maior destaque, visto que o Brasil é um dos principais players do mercado global, liderando a produção e exportação de diversas commodities agropecuárias, a exemplo da soja, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). De acordo com as estatísticas, 42% da produção global do grão é brasileira. Além disso, o país é responsável por 7,8% de todas as exportações da oleaginosa ao redor do mundo
Assim, é primordial que as organizações direcionem seu foco para temas que atendam e respondam às demandas dos stakeholders — organizações que, de alguma forma, são impactadas pelas ações de uma determinada empresa — sobre sua atuação e desempenho, pois isso fortalece relacionamentos, abre oportunidades de negócios e possibilita o acesso a mercados internacionais mais exigentes.
O que envolve cada pilar ESG no agronegócio
Cada um dos pilares ESG possui diferentes conceitos e práticas, que podem variar de acordo com o setor no qual uma empresa está inserida. Abaixo, confira o que significa cada um deles para agronegócio:
Ambiental (Environmental)
Refere-se às ações voltadas à preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, respeito às legislações ambientais e à elaboração de medidas direcionadas à redução do impacto da atividade agropecuária na natureza. Questões como emissões de carbono, uso consciente da água, energia renovável e manejo de resíduos são exemplos de condutas amparadas nesta esfera.
Conforme aponta a Pesquisa Anual Global de CEOs, desenvolvida em 2021 pela empresa de consultoria PwC, 47% dos líderes brasileiros do agronegócio acreditam que suas empresas precisam fazer mais para divulgar seu impacto ambiental.
Quando as corporações do setor planejam ações voltadas ao meio ambiente, o assunto deixa de ser um impasse e torna-se um valor. Isso acontece porque os principais mercados que recebem as commodities brasileiras cobram boas práticas ambientais do país.
Nesse contexto, a Embrapa destaca que a agricultura conservacionista, ou seja, aquela que reúne tecnologias que preservam, restauram ou recuperam os recursos naturais com o manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade, é um caminho viável “para que o produtor rural garanta a eficiência e a rentabilidade da produção e ainda preserve o meio ambiente”.
Social
Na esfera Social, o agronegócio é responsável por planejar iniciativas que garantam o bem-estar de empregados e fornecedores, assegurando a inclusão e a diversidade, considerando aspectos como gênero, idade ou etnia. A mensuração do impacto social de suas atividades por parte das companhias é, também, um ponto valioso a ser observado.
Esse é, inclusive, o pilar mais considerado pelas empresas do ramo, de acordo com outra pesquisa realizada pela HR Tech Mereo. O foco dos profissionais do agro, conforme detalha o estudo, está nas estratégias de relação com colaboradores (73%), nas questões como saúde e segurança (28%), no treinamento e desenvolvimento (19%) e no clima organizacional (19%). Ou seja, existe uma forte preocupação com o impacto social no ambiente em que a instituição está inserida, assim como na relação com as pessoas.
Governança (Governance)
Já a governança enfatiza a boa administração da empresa rural, estabelecendo regras de conduta e gestão, priorizando a transparência, em todos os níveis, com instituições públicas e privadas. Nesse sentido, é essencial que o setor crie espaços para diálogo e estruture as tomadas de decisão a partir de princípios éticos, que promovam a longevidade dos negócios.
Entre os objetivos deste eixo, é possível destacar a adoção de políticas institucionais voltadas às práticas anticorrupção e em favor do trabalho digno. A boa gestão promove a sustentabilidade contínua do empreendimento e colabora para a profissionalização do agro como um todo.
Vale salientar que a governança é o segundo principal gargalo do agronegócio no país, ficando atrás apenas de infraestrutura, conforme mostra o estudo “Visão da Inovação e da Competitividade do Agronegócio”, realizado em 2020 pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) com diferentes stakeholders do setor.
Vantagens das boas práticas ESG no agronegócio
A implementação de boas práticas ESG no agronegócio oferece uma série de vantagens significativas. Em termos ambientais, adotar condutas mais sustentáveis pode resultar na administração mais eficiente dos recursos naturais, reduzindo o impacto ambiental e otimizando o uso de eventuais insumos em campo.
No âmbito social, a incorporação de políticas inclusivas, que respeitam os direitos dos trabalhadores e das comunidades locais, contribui para um ambiente laboral equitativo e fortalece as relações com as partes interessadas.
O impacto social do agro no Brasil é evidenciado ainda pelo fato de empregar 26,9% da população ocupada — pessoas que atualmente estão empregadas ou envolvidas em atividades remuneradas —, segundo pesquisa realizada pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Além disso, a adoção da governança transparente e ética contribui para a construção da reputação das empresas no mercado e aumenta a confiança dos investidores e consumidores.
Em conjunto, essas vantagens ajudam o agronegócio não apenas a enfrentar os desafios futuros, mas também a responder aos do presente, promovendo a sustentabilidade e garantindo a resiliência do setor diante das crescentes demandas por responsabilidade social e ambiental.
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