A resistência adquirida pelos insetos que atacam as lavouras não é uma novidade. Esse processo acontece desde as primeiras técnicas empregadas no controle dos invasores até as tecnologias mais modernas, utilizadas na agricultura contemporânea.
Em sua citação mais famosa, o biólogo Charles Darwin, conhecido como o “pai da evolução”, devido às suas teorias sobre o evolucionismo das espécies, afirmava: “não é o ser vivo mais forte que sobrevive, mas o melhor adaptado ao ambiente”. É a partir daí que podemos entender a resistência das pragas.
Quando a resistência se torna um grande problema
Ao administrar um método de controle de uma praga, a exemplo de um inseticida para um percevejo que ataca a soja, alguns indivíduos dessa espécie, que estão mais adaptados, poderão sobreviver. Caso essa população sobrevivente não seja também manejada (ou manejada de forma errada), poderá se reproduzir e tornar-se a maioria dos percevejos daquela área.
O problema da resistência se agrava progressivamente de acordo com a negligência de processos fundamentais à sanidade da lavoura. O principal deles é o uso repetitivo do mesmo produto no combate ao inseto.
Voltando ao exemplo acima, temos uma população de percevejo que se multiplicou após resistir a determinado inseticida; caso o produtor siga usando esse mesmo defensivo em suas próximas safras, sem alternâncias, estará não somente deixando de controlar o inseto, como também impulsionando a sobrevivência dos indivíduos já resistentes e sua proliferação gradativa na área.
Rotação de modos de ação
A fim de evitar a seleção de insetos resistentes – como é chamado esse processo -, o produtor deve rotacionar produtos com diferentes modos de ação entre as aplicações.
A Embrapa alerta para que não se alterne apenas os produtos utilizados, mas sim os modos de ação desses produtos, já que opções distintas podem agir da mesma forma sobre as pragas, não sendo eficientes ao controle necessário.
Vale lembrar que a escolha desse tipo de produto depende também da cultura e do seu estágio de desenvolvimento. Tais fatores devem obrigatoriamente ser levados em consideração ao administrar os químicos, bem como a espécie da praga a ser combatida.
Controle e resistência
A rotação dos ativos faz parte do que chamamos de manejo de resistência, que deve ser um aliado fundamental das técnicas de controle de pragas. De acordo com a Embrapa, as estratégias se complementam, sendo o papel do manejo de resistência a preservação das ferramentas de controle já existentes.
Nesse sentido, é também essencial a administração correta dos defensivos, respeitando a etapa, a dosagem e a técnica corretas. O uso indiscriminado de químicos, como os inseticidas, pode surtir o efeito contrário ao esperado, além de representar um desperdício financeiro para o produtor.
Outras alternativas para a soja
Incrementando as estratégias antipragas, há ainda a tecnologia Bt, que modifica geneticamente as plantas de soja para que combatam uma série de insetos (a inovação também está presente nas culturas do milho e algodão).
A soja Bt consiste numa alternativa de controle de pragas que, para obter êxito, deve ser associada ao manejo de resistência. Nesse sentido, é recomendada a adoção do refúgio.
Segundo a Embrapa, “entende-se por refúgio estruturado o cultivo com plantas não resistentes a insetos (plantas não-Bt) em 20% da área de soja, em localização adjacente ao de cultivo com plantas Bt, que expressam a característica de resistência a insetos com ciclo compatíveis, cujo propósito é retardar o processo de evolução da resistência nas populações do(s) inseto(s)-alvo”.
Isto é, 80% da área deve ser cultivada com soja Bt, que é tóxica para determinadas lagartas representativas da cultura (como lagarta-da-soja, lagarta-falsa-medideira e helicoverpa), eliminando a maior parte dessas populações. O restante da área (20%) deve ser manejado com outros métodos, tendo a rotação de ativos como critério principal.
Mais benefícios ao produtor
A combinação das técnicas e estratégias contra as pragas acarreta ganhos em produtividade e qualidade dos grãos, mas ainda pode promover outros benefícios, como a economia com o uso assertivo dos defensivos.
Pelo mesmo motivo, pode ainda haver a redução do impacto ambiental da produção agrícola, bem como a preservação dos chamados inimigos naturais da soja (insetos que atuam no controle biológico das pragas, contribuindo para a mortalidade natural desses invasores).
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